quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ocupa, resiste e samba!


Qual é o melhor lugar para assistir uma peça? Um teatro grande, com palco italiano e poltronas confortáveis, quem sabe. Ou teatro de arena, com pessoas sentadas ou em pé, observando de cada cantinho possível o desenrolar da história. Que tal uma oficina mecânica como palco, como esta aqui embaixo…

Neste fim de semana conheci o Teatro Oficina Perdiz, situado em Brasília. O lugar funcionava (ou funciona, não pude apurar) como oficina durante o dia e à noite eram exibidos peças teatrais e shows com artistas locais.

Quando entrei no Perdiz, não sabia direito para que lado olhar. Era tanta informação nova e diferente ao mesmo tempo que me senti perdido. É uma oficina, com graxa nas paredes e no chão, apetrechos mecânicos e tudo mais. Quando cheguei tava rolando um sambinha bom, cantado por Ferdi e trupe. Ah, era um pandemônio de instrumentos mecânicos e de músicas, pessoas cantando, dançando, olhando, flertando.

Percebi que a arte casava também com a oficina. Um querido professor de teatro diria: “ - A arte vai bem com tudo. Experimente criar um espaço asséptico, formal e mesmo assim, com o tempo, a arte vai acabar se infiltrando por ali”. Ele me mostrou como a arte cai bem com praças, com semáforos, com porta de INSS (yeah, acredite!).

Atualmente o Perdiz vem sendo ameaçado de despejo por grupos imobiliários. Estudantes, artistas, apreciadores de arte em geral estão se mobilizando para impedir que o Teatro Oficina feche suas portas. Para quem quiser saber mais sobre o assunto, recomendo o blog http://oficinaperdiz.blogspot.com/.

Para os apreciadores de teatro ou aqueles que gostam de um lugar diferente recomendo. O aluguel de um teatro não é barato e, infelizmente, ator no Brasil tem que ter cuidado para não morrer de fome. Apreciar manifestações alternativas ao circuito comercial convencional pode ser uma boa forma de incentivar a produção local e o engajamento artístico.

A propósito, não era apenas samba que saía das bocas dos presentes. O movimento estudantil, oxalá esteja se reerguendo, mostrou que a língua ainda está afiada: “Ocupa, ocupa, ocupa e resiste”. Ai, ai, é tão bonito ver a galera desafinando o coro dos contentes!

Eduardo Marinho - Fonte: http://eduardomarinho.wordpress.com/

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